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Pra fazer o mate amargo, Erva nova de primeira. Uma bomba, uma chaleira, Uma cuia bem curada. Garrafa térmica e nada Mais precisa o chimarrista Do que seguir nesta pista Para iniciar a mateada.
Enquanto a água se aquenta Até chiar na chaleira, Encha a cuia, de maneira Que a erva fique de um lado. Ponha a água com cuidado Pela borda do porongo. Pouca erva é mate longo E, muita, fica atolado.
Então o mate descansa Até ficar bem cevado. Que quer dizer bem inchado Pra não dar entupimento. A bomba, neste momento Em que o dedão fecha o bocal, Se coloca no local, Evitando movimentos. Chupe o mate até roncar, Tomando ou botando fora. Está cevado. E, agora, Quem cevou toma o primeiro. A roda é contra os ponteiros E o mão toma o segundo. E, depois, prá todo mundo Até o sota, derradeiro.
Cada um recebe a cuia E passa co’a mão direita. O que agradece, rejeita, E passa a ser preterido. Aguarde pra ser servido. Faça roncar, não é feio. Não entregue pelo meio Nem o devolva entupido.
Esta herança missioneira É, certamente, o debuxo Que identifica o gaúcho No contexto da nação. A erva do chimarrão, Encoxilhada num canto, É o pala verde Esperanto Que recobre o meu rincão. |
Autor: Iberê Machado
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